Artigo - Sento-Sé: Memórias de uma cidade submersa


Para quem não é ribeirinho, talvez seja difícil compreender as mudanças pelas quais as cidades de Casa Nova, Sento-Sé, Remanso e Pilão Arcado sofreram nas últimas quatro décadas. Muitas vezes, recorremos às fotos antigas de suas casas, ruas e às histórias contadas pelo povo, com as lembranças sobre o tempo das cheias no rio, o vaivém dos vapores e a construção da Barragem de Sobradinho.
Quase 40 anos depois do início do serviço de construção das obras da barragem e em busca de lembranças de um tempo passado, a jornalista Adzamara Amaral foi ao encontro de sua gente para relatar as mudanças ocorridas na antiga cidade de Sento-Sé. Esse trabalho resultou no livro-reportagem Sento-Sé: Memórias de uma Cidade Submersa, que será lançado hoje (24/09), no espaço Trupizupi, às 19h30, na Rua Quintino Bocaiúva, em Juazeiro-BA.
No livro, o passado parece tão vivo como outrora. A autora reconstrói a sede da antiga cidade inundada pela barragem de Sobradinho, a partir de referências sobre o espaço – o cais, a antiga igreja, as ruas -; por ritmos mediados pelo tempo – a chegada dos vapores, o plantio, a extração da carnaúba -; e por lembranças da infância e da juventude no cotidiano da antiga cidade.
Como jornalista, foi em busca de relatos, documentos e fotografias, ouviu as tristezas e as alegrias de parte dos moradores, pois, como todo processo marcado por contradições sociais, a construção da barragem foi comemorada por parte da população que imaginava uma cidade próspera e desenvolvida.
Muitos anos se passaram, o passado de Sento-Sé está mais vivo do que nunca. Basta visitar a cidade, com sua gente hospitaleira, com o bonito lago no entorno, as terras férteis e os projetos irrigados que não lograrem êxito, principalmente, nos últimos anos, em decorrência das dificuldades de acesso da estrada BA210.
Ao olhar para a antiga cidade de Sento-Sé, Adzamara Amaral nos coloca em contato com relatos de senhores e senhoras que testemunharam as transformações ocorridas no espaço físico, nas tradições e nos costumes. O livro também compartilha uma saudade de um tempo vivido e as dificuldades de recuperar parte do seu patrimônio material e imaterial.
A Adzamara, meus parabéns por este presente à história e à memória de sua cidade.   O livro-reportagem cumpre de forma bastante interessante o início da trajetória de uma pesquisadora sobre a região, pois o passado de Sento-Sé, como as demais cidades circunvizinhas, precisa vir à tona, para que possamos compreender melhor o presente.
Andréa Cristiana Santos, professora da Universidade do Estado da Bahia

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