Aniversário da cidade de Sento Sé sem comemorações

A Cidade de Sento Sé e demais povoados localizados às margens do Rio São Francisco foram relocadas na década de 70 por causa da construção da Barragem de Sobradinho e formação do maior lago artificial do mundo. Ainda hoje a data de aniversário de relocação da sede do município é contestada por muitos e existem controvérsias. O certo é que por decreto municipal de Janeiro/2013 fundamentado em alguns documentos, o seu aniversário de relocação é hoje, 16 de Outubro, completando 37 anos e a data de emancipação política do município dia 06 de Julho de 1932, exatos 181 anos de criação.  Mas não há nenhuma comemoração festiva ou cívica programada como aconteceu nas demais datas festivas e cívicas nos últimos anos.

Aproveitando o feriado municipal o Coordenador de Esportes e organizador do Campeonato Empresarial de Futsal  programou a decisão para esta noite. Logo mais às 19h no Ginásio de Esportes a decisão do 3º e 4º colocado envolvendo as equipes: Guarda Municipal vs Pamela Joias e na sequencia a grande final: Parada Obrigatória versus Eky Pinturas.

No fechamento dessa matéria, às 06h25min, uma rajada de fogos  de artifícios anunciava o aniversário da cidade.

 Sento Sé: Uma Cultura em desuso

Segundo o sociólogo gaúcho Pedrinho Guareschi, “a cultura é a alma de um povo. É aquilo que anima uma nação. Dá sentido a vida de um povo. Um povo sem cultura é um povo alienado, dominado e morto. Um povo sem identidade baseada na sua história não desenvolve, não tem raízes, não tem argumentação, não tem alma e é facilmente dominado por outro povo. A cultura eterniza um povo tornando-o resistente. A cultura é mais importante que o pão de cada dia. Sem cultura você não saberá nem produzir o pão. Terá que adquiri-lo. Cultura fortalece a liberdade, a auto-estima, a fé.  Cultura é tudo que fazemos. Quando você enfeita seu quarto com um quadro está fazendo cultura. Quando você consome uma comida local ou de fora você está tomando uma posição cultural. Cultura é tudo que curtimos. Mas um povo que tem consciência da sua história e prioriza esse curtir contribui para com o desenvolvimento local e sustentável.”

Cultura é o conjunto de manifestações artísticas, sociais, lingüísticas e comportamentais de um povo ou civilização. Portanto, fazem parte da cultura de um povo as seguintes atividades e manifestações: música, teatro, rituais religiosos, língua falada e escrita, mitos, hábitos alimentares, danças, arquitetura, invenções, pensamentos, formas de organização social, etc.

Uma das capacidades que diferenciam o ser humano dos animais irracionais é a capacidade de produção de cultura. A Cultura é  importante para o desenvolvimento da humanidade. Alguém já disse que um povo sem cultura é um povo sem identidade.

Sento Sé, ao longo dos seus 181 anos, sempre foi um município de gente pacata, simples, humilde, trabalhadora, rico em belezas naturais, reservas minerais e tradições folclóricas e culturais.

Todos os adjetivos que  poderíamos usar para qualificar positivamente a antiga cidade, os seus costumes, suas manifestações populares, culturais, religiosas, entre tantas outras,  se limitam no nosso pouco tempo de convivência. Parece-nos que nossa cultura também foi submersa com as águas do Lago de Sobradinho.

O motivo que denomino de “ Sento Sé: Uma Cultura em desuso”,  observamos que as tradições caíram no desuso, especialmente por falta de políticas públicas,  projetos, incentivo popular e muito mais .

Carnaval,  Rodas de São Gonçalo, Terno da Cigana, Terno de Reis, Quadrilhas Matutas, Corridas de Argolinhas, Vaquejadas, Kongos, Penintentes, Marujadas, Gincanas Culturais, Jogos Intercolegiais, Teatros de rua, bandas marciais, Desfile Cívico da Independência, festa da Banana, falta Parques infantis em nossas praças, falta de instalação de parques de diversão e circos na cidade e tantos outros identificáveis. Nos últimos quarenta anos, nenhum  livro ou revista   narra nossa verdadeira história. Não sabemos sequer que data comemorar a instalação da nova cidade, se há motivos para tanto.

É triste ver a nossa cultura renegada a um segundo plano e sem perspectivas de se tentar “ressuscitar” nossas tradições. Nossos jovens, da Sede e do interior, não participam  e não desfrutam de quase  nada,  no âmbito da cultura, entretenimento, lazer e alguns só no  esporte, conhecimentos, por falta de incentivos  e vontade política dos governos municipais, das escolas, da sociedade como um todo. Estamos criando filhos sem memória cultural.

Nosso escopo, não é achar culpados. Única e exclusivamente, provocar um despertamento.