Ruínas da Velha Sento Sé reaparecem com a baixo do Lago de Sobradinho

Entulho da Igreja e Caixa d’água
No último domingo, 22/11 nos dirigimos à antiga cidade de Sento Sé, a Velha Sento Sé, como é chamada. Tivemos informações anteriormente de que com a baixa do Lago de Sobradinho a Velha Sento Sé estava descoberta. Também fomos informados que teríamos que chegar primeiro no povoado de Mulungu para segui viagem a antiga cidade que em novembro de 1976 foi obrigado a sair para dar lugar as águas da Barragem de Sobradinho.  Nos dirigimos para o povoado de Mulungu pensando que de lá pegaria uma estrada e de carro chegaríamos a Velha Sento Sé. Fiz planos de trazer pertences dos antigos moradores, algum litro de bebida ou medicamento, alguma pedra, alguns tijolos. Bem, trazer o que encontrasse e que servisse para recordação e história de quem ali viveu. Mas o principal objetivo meu era fazer centenas de registros fotográficos, esse foi o foco da viagem.
Chegamos no povoado de Mulungu, e a primeira pessoa que encontramos já perguntamos como e por onde podíamos ir para a antiga cidade de Sento Sé. A resposta da pergunta que fizemos foi um “balde de água fria” mesmo com os quase 40º graus que fazia naquela pequena comunidade. A pessoa respondeu que não havia como ir na cidade de Sento Sé velho, por que as cercas a passagem para chegar até lá. Mas indicou que procurasse outra pessoa na casa da frente para mais informações. Seguimos, todos já desanimado com os primeiros obstáculos. Seguimos adiante e aproximamos a um barzinho, lá o de Genin (dono do bar) nos informou que Nilson, morador da localidade, tinha as chaves das porteiras das roças, por onde teríamos que passar para chegar a Velha Sento Sé. Também nos informou que para chegar a Velha Sento Sé só seria possível de barco, mas que lá tinha um pescador, seu Bartolomeu, que poderia nos levar até lá. Também disse que se nós encontrássemos o Nilson e ele nos desse as chaves das porteiras, ele iria com a gente.
Fomos, então, mais há frente para a casa de Nilson. Nilson não estava, mas sua mulher e outras pessoas que estavam na casa “batendo um dominó” nos deram bastante atenção e enquanto providenciava as chaves, colhemos mais informações. Descobrimos que apenas as ruínas da antiga Igreja, a caixa d’água e algumas paredes de antigas construções estavam aparecendo. Essas conversas fizeram aumentar a perspectiva de ver a antiga cidade, ou pelo menos o que fosse possível de ver. As chaves foram entregues e o colega Genin entrou no carro com a gente para nos guiar até a antiga cidade. O caminho não foi nada fácil, mas de longe avistamos pescador, seu Bartolomeu.
Seu Bartolomeu que estava na outra margem do rio, foi chamado a vir para a margem em que nós estávamos. Logo disse que esteve lá há uma semana, com repórteres da globo e TV São Francisco, que seria possível nos levar, desde que colocasse 2 litros de gasolina no motor da sua canoa. Não tivemos outra opção, que não fosse voltar lá no alto para pegar esses dois litros de combustível. Voltamos. Ao chegar colocamos a gasolina no tanque e seu Bartolomeu ligou o motor e seguimos viagem. Logo o motor “engasgou” e começou a parar. Percebemos que a mangueira que conduzia a gasolina do tanque para o motor estava com uma rachadura e que estava vazando o combustível por aquele lugar. Cortamos um pedacinho da mangueira para tirar a parte quebrada. Não deu certo. Nesse momento vimos quase impossível a possibilidade de segui viagem. Precisava de um pedaço de mangueira, minguem tinha. Outras ideias surgiram. Um pedaço de liga. Eu encontrei na minha mochila uma liga de dinheiro que por ter tomado muito sol já estava ressecada e quebrou em vários pedaços ao esticar. Muitas brincadeiras nessa hora, muita descontração. Seu Bartolomeu com uma sacola cheia de coisas encontrou uma liga e umas bolas de assopro que ele usa como socorro caso precise vedar, emendar e apertar alguma coisa. Foi com um pedaço de borracha de bola de assopro que consegui vedar o vazamento da mangueira e seguimos para ver as ruínas da antiga cidade de Sento Sé. Enquanto fazia alguns registros fotográficos seu Bartolomeu nos contava que ainda lembrava da antiga cidade e que sua mãe morou lá até o momento da mudança em 1976, há 39 anos.
Chegamos. Desembarcamos. Tomamos banhos nas águas que cobrem os entulhos da Igreja. Fotografamos. Filmamos. Uma sensação saudosista aquele lugar tem realmente. Me lembrei que meu tio Barto (Bartolomeu Ribeiro) morou ali, conheceu seu Jandir Sento Sé, seu Cirano Sento Sé, Dona Roberta. Poucas coisas estão aparecendo… Ruínas da antiga Igreja, caixa d’água, suporte da bomba da caixa água, tijolos inteiros, um poste de rede elétrica ainda está em pé, muitas carnaúbas fincadas com parte delas descobertas, essas carnaúbas seu Bartolomeu (nosso guia), informou que eram usadas na construção das casas.
O que vimos em abundancia mesmo foi muita água, mesmo estando raso, tem muita água. O Lago de Sobradinho com menos de 1,8% de sua capacidade de armazenamento e a Velha Sento Sé toda debaixo d’água. A conclusão que chegamos é que não mais veremos os alicerces das casas descoberto e nem pisaremos no chão seco da Velha Sento Sé por acreditar que o Lago de Sobradinho voltará a encher antes que aquele chão apareça, impossibilitando caminhar nas suas antigas ruas.
De lá ainda trouce dois tijolos e uma pedra que guardarei como lembrança dessa inesquecível viagem.
Nossos agradecimentos a seu Bartolomeu e a Genin que foram nossos guias e colaboradores nessa viagem.
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Francelino Carvalho e seu Bartolomeu (pescador e nosso guia)
Estrada da Castela entre as árvores, sentido a Nova Sento Sé_MG_0073_MG_0081_MG_0083_MG_0085_MG_0087_MG_0091_MG_0013_MG_0019_MG_0022_MG_0025_MG_0099_MG_0110_MG_0116_MG_0029_MG_0039_MG_0079_MG_0088_MG_0129
Estrada da Castela entre as árvores, sentido a Nova Sento Sé
Antiga estrada de acesso a Velha Sento Sé, localizada na Fazenda dos filhos de Dr. Dejalma
Antiga estrada de acesso a Velha Sento Sé, localizada na Fazenda dos filhos de Dr. Dejalma
Fonte: Sento Sé em Foco / www.sentosenoticias.com - A 7 anos Juntinho de Você, informando, entretendo e aproximando.
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